contato@idyll.com.br | (31) 99113-0243
Ter um leitor eletrônico soa como um sonho perfeito. Para os leitores assíduos, o dispositivo eletrônico permite de forma prática e confortável suas leituras sempre à mão, não importa o local. Para aqueles que deixam o belíssimo hábito da leitura de lado por razões financeiras, as versões digitais são em geral mais baratas e é possível achar na internet uma grande gama de ebooks gratuitos. Pequenos e leves, os dispositivos eletrônicos das mais diversas marcas (Kindle, Lev e Kobo) ocupam pouquíssimo espaço. Ademais seus donos jamais sentirão aquela sensação de tristeza quando perdem um livro durante uma mudança, esquecem um livro em algum estabelecimento, ou quando veem as páginas do seu xodó ficarem amareladas e a capa desgastando.
Mas e quanto ao apelo ecológico dos dispositivos de leitura digital, do ponto de vista ambiental, realmente vale a pena adquirir um leitor eletrônico? Se por um lado não há mais a utilização de insumos (principalmente papel) e energia para a confecção dos livros físicos, há ainda os materiais necessários para a produção dos aparelhos eletrônicos e o consumo de eletricidade atrelado a estes. A partir de quantos ebooks se torna mais vantajoso e ambientalmente saudável trocar os livros físicos pelos dispositivos de leitura digital?
Estudo conduzido no Instituto de Tecnologia Rochester em Nova York em 2012 concluiu que em linhas gerais o Kindle apresenta menos impactos ambientais, em comparação com os livros físicos, considerando um único usuário por livro. À medida que o número de usuários por livro aumenta, os livros físicos tendem a apresentar menos impactos ambientais. No que se refere especificamente aos impactos relacionados ao aquecimento global, apenas quando um livro impresso passa pela mão de 8 leitores distintos ele passa a contribuir menos para o aquecimento global em comparação a substituição pelo Kindle.
Já pesquisa conduzida na Universidade de Tokyo em 2017, considerando uma versão mais recente do Kindle e a utilização do Tablet Apple Ipad exclusivamente para fins de leitura, concluiu que a partir de 4.7 livros comprados por ano por pessoa o Kindle é ambientalmente melhor do que os livros impressos, no que se refere ao efeito de contribuição para aquecimento global. No caso da utilização do tablet para leitura de ebooks, o número sobe para 9 livros. Ambas as pesquisas são Análises de Ciclo de Vida (ACVs), ou seja, estudos que analisaram desde as etapas de prospecção de recursos para manufatura dos produtos, transporte, estocagem, venda e disposição final dos resíduos. Os autores ainda afirmam que a medida que o aparelho Kindle vai sendo aprimorado em uma nova versão mais tecnologicamente evoluída e energeticamente mais eficiente, menores são os impactos ambientais associados ao produto.
Para quem ainda não conhece, a Amazon oferece um serviço gratuito de coleta e reciclagem de seus dispositivos eletrônicos em diversos países, incluindo o Brasil. A empresa também oferece como alternativa a troca de seu dispositivo em seus últimos suspiros de vida por um vale-presente na loja.
Lembrando que os dois estudos consideraram a completa substituição dos livros impressos pelos digitais, o que sabemos que na prática ainda não é uma realidade. Para os leitores old school que não largam mão de sentir o tatear das páginas e o cheirinho de livro novo, uma opção é sempre comprar livros usados e da mesma forma, se desfazer dos seus livros antigos. Uma segunda sugestão seria a utilização dos leitores eletrônicos como uma espécie de test drive para a compra dos livros físicos. É possível ler as versões de amostra dos ebooks ou até mesmo alugar em bibliotecas virtuais e caso seja realmente de interesse o indivíduo pode adquirir posteriormente a versão física do referido livro. Afinal quem nunca foi no papo de um amigo e acabou comprando um livro que no final só ficou parado na estante? Ou acabou adquirindo um livro que parecia ser uma coisa mas no meio da leitura na verdade não correspondia às suas expectativas? A utilização do leitor digital nesse sentido proporciona compras mais assertivas, reduzindo portanto, resíduos, e sendo ambientalmente mais correto.
E quanto a questão financeira, vale mais a pena comprar um leitor eletrônico? Em termos de dinheiro, a princípio a aquisição de um aparelho para leitura digital pode parecer desvantajoso, dado que além do custo de compra do dispositivo ainda será necessário arcar com as despesas de aquisição dos ebooks. Mas ao longo do tempo o investimento inicial vai sendo compensado pelos menores preços dos livros digitais. No que se refere ao gasto relativo ao consumo de energia elétrica, a durabilidade da bateria do seu dispositivo vai depender dos seus hábitos de leitura, podendo ser necessário recarregar em semanas ou até meses. O preço dos dispositivos também varia muito de marca e de acordo com o preço do dólar, visto que não são produtos brasileiros. Quando a primeira geração do Kindle foi lançada em 2007 seu preço ficava na casa dos US$399, hoje a última geração (10ª) do Kindle mais simples está por US$80 no site da Amazon. Cabe relembrar que com a aquisição do leitor digital você também deixa de pagar pelas entregas dos livros, o que às vezes chega a corresponder a 20% do valor do produto.