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Utilizar o transporte público ou aderir ao movimento da segunda sem carne e deixar de comer carne uma vez por semana? Reciclar ou deixar de usar sacolas plásticas? Você consegue discernir quais medidas têm maior impacto no combate às mudanças climáticas?
Se a primeiro momento você não foi capaz, ou ficou em dúvida em relação a sua resposta, não se sinta frustrado, pois você não é o único. Estudo conduzido na Universidade da Colúmbia Britânica (The University of British Columbia) no Canadá com 414 estudantes de graduação da universidade e 551 residentes norte-americanos mostrou que as pessoas tendem a não saber o real impacto de diferentes ações cotidianas em relação ao potencial de mitigação das mudanças climáticas.
Primeiramente os participantes foram solicitados, de forma aberta, a listar quais ações consideravam mais eficazes para reduzir os Gases de Efeito Estufa (GEE) que contribuem para o processo das mudanças do clima. A resposta mais frequente foi “dirigir menos”, traduzido como pegar carona ou comprar um carro mais eficiente. Em segundo lugar, com metade das citações da primeira categoria, foi utilizar transporte público, bicicleta ou caminhar. Reduzir viagens de avião, considerada como uma das ações de maior impacto, foi elencada apenas por 12 dos 965 participantes. Ações de cunho político, como votar, contatar um político, ou participar de campanhas também não foram frequentemente lembradas, permanecendo pouco a frente das viagens de avião.
Já na segunda parte do questionário os participantes foram solicitados a categorizar 15 ações previamente escolhidas pelos pesquisadores como de baixo, médio ou alto impacto (correspondentes a menos de 1%, entre 1% e 5% e maior que 5% da pegada de carbono de uma pessoa, respectivamente). Novamente a ação mais frequentemente listada como de alto impacto foi uma atitude relacionada ao setor de transportes: passar a utilizar o transporte público ao invés de dirigir um veículo utilitário esportivo. Apesar dos participantes terem acertado, afinal esta realmente é uma atitude de alto impacto, as demais ações com potencial equivalente de impacto como aderir a uma dieta vegana e evitar voos transatlânticos foram consideradas como de baixo impacto.
Aderir a uma dieta vegana e substituir sacolas plásticas por sacolas de tecido receberam o mesmo percentual de votos como atitudes de alto impacto, embora a primeira atitude seja 180 vezes mais eficaz do que a segunda. De forma semelhante, participantes se mostraram mais propensos a ranquear reciclagem e a substituição das sacolas plásticas por 1 ano como ações mais eficazes do que evitar voos transatlânticos.
Na terceira seção do questionário os participantes foram incentivados a comparar matematicamente a equivalência das ações, por exemplo “ Quantos hambúrgueres uma pessoa deveria deixar de consumir para compensar as emissões relativas a um voo de Nova York a Londres?” ou “Quantos anos vivendo sem embalagens plásticas correspondem, em termos de redução de emissões de GEE, a um ano de uma dieta vegana?”.
Perguntas difíceis não é mesmo? A resposta média para a primeira foi 100 hambúrgueres, já para a segunda pergunta 1.1 anos. As respostas corretas seriam entre 146 a 410 hambúrgueres, e entre 10 a 12 anos.
O conhecimento correto do verdadeiro impacto das ações cotidianas é essencial no combate às mudanças climáticas, visto que as pessoas tendem a exibir maior disposição e intenção de realizar comportamentos pró-ambientais que acreditam serem mais eficazes. Mas afinal, quais ações seriam essas? Seguindo a classificação do referido estudo:
Ações com alto impacto (mais eficazes no combate às mudanças climáticas): Aderir a uma dieta vegana, evitar voos transatlânticos e passar a utilizar o transporte público ao invés de dirigir um veículo utilitário esportivo.
Ações de impacto moderado/médio impacto: trocar o carro convencional por um veículo híbrido, reciclar compreensivelmente, deixar as roupas secarem naturalmente (no varal), não desperdiçar comida e lavar as roupas em água fria.
Ações de baixo impacto: Comprar comida exclusivamente de produtores locais, comprar apenas comida sem embalagens, substituir sacolas plásticas por sacolas de tecido e não comprar alimentos geneticamente modificados.
Mais informações: Wyns, S., Zhao, J. & Donner, S.D. How well do people understand the climate impact of individual actions?. Climate Change (2020). https://doi.org/10.1007/s10584-020-02811-5